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Há bastante tempo que venho pensando sobre o perfil profissional, a exposição, o marketing e os ditos que envolvem sustentar um algoritmo por aqui. Nada disso me atrai, não me enche os olhos e confesso que até fujo. Olho e penso: não sustento.

Porém, paralelamente a isso, venho há muito tempo conservando e resistindo a vontade de … falar, de escrever, compartilhar e abrir mão dos medos que envolvem a exposição de um trabalho, de um pensamento e da posição de vulnerabilidade a que todos estamos sujeitos quando botamos nosso nome pra jogo.

Passeando por certas leituras, levei um tapa de Audre Lorde quando ela me disse que os meus silêncios não vão me proteger e mesmo se eu permanecer calada o meu medo não será menor.

Essa me pegou. Para dar vazão às minhas vontades eu preciso necessariamente me render à neurose do marketing? O “não” óbvio, demorou a chegar, mas chegou, assimilei que não há nenhuma necessidade de corresponder àquilo que é vendido como impossível.

o clichezão: tudo ao seu tempo, ganha lugar aqui.

Tudo ao seu tempo.

Para finalizar, me perguntei: “falar sobre o que?” Audre Lorde me disse:

“(...) fale para elas sobre como você jamais é realmente inteira se mantiver o silêncio, porque há sempre aquele pedacinho dentro de você que quer ser posto para fora, e quanto mais você o ignora, mais ele se irrita e enlouquece, e se você não desembuchar, um dia ele se revolta e dá um soco na sua cara, por dentro”.

Daniela Sant'Anna

Audre Lorde em A transformação do silêncio em linguagem e ação